Patógenos de solo, principalmente fungos e nematoides, frequentemente passam despercebidos nas lavouras brasileiras. Isso porque estão presentes no interior do solo, afetando a emergência das culturas e o sistema radicular de plântulas e plantas adultas, sem que seus danos possam ser observados diretamente. Além disso, muitas vezes, os sintomas desencadeados na cultura de interesse são reflexos, ou seja, o problema está ocorrendo nas raízes, e se manifestam na parte da área, direcionando os esforços de controle para o local errado.
Esse fenômeno é muito recorrente em se tratando de doenças causadas por nematoides e por fungos habitantes de solo, já que ambos interferem na capacidade de absorção de água e nutrientes pelas plantas, além, é claro, de desviar os nutrientes que são absorvidos e que seriam utilizados no seu metabolismo, provocando, assim, diversos sintomas, como amarelecimento, murcha, necrose e até mesmo a morte dos vegetais, reduzindo a produtividade das culturas.
Em estudos realizados recentemente, estima-se que as perdas anuais causadas por nematoides, somente na cultura da soja, sejam no montante de R$ 27,7 bilhões, porém, se associado a fungos de solo, esse prejuízo pode ser bem maior. Dessa maneira, sem o correto manejo, unindo os quatro pilares do MID (manejo integrado de doenças) – controle genético, controle cultural, controle biológico e controle químico (inclusive, os últimos associados) – as perdas podem ser ainda maiores: a quantidade equivalente a uma safra inteira da cultura a cada 10 safras.
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Como o problema pode ser manejado para reduzir perdas?
O manejo de nematoides e fungos de solo deve ser baseado no MID, isso porque cada uma das estratégias disponíveis auxilia na redução da população dessas ameaças.
No Show Rural Coopavel, a pesquisadora Cláudia Arieira conversou com a jornalista e produtora rural Luísa Nogueira, e com o DTM Gustavo Alves, do time Syngenta, sobre o manejo de nematoides e doenças nas lavouras brasileiras.
Confira a entrevista completa no vídeo abaixo e entenda como o manejo dessas duas ameaças, consideradas inimigos ocultos da produtividade, pode ser realizado na sua lavoura:
A pesquisadora ressalta que os nematoides ocorrem em todas as áreas de produção e que não devem ser negligenciados, tão pouco são motivo de vergonha, uma vez que existem inúmeras formas de manejar o problema. Ela reforça, ainda, a necessidade de cada uma das safras ser devidamente manejada, evitando o aumento da população desses vermes que atacam diferentes culturas, como milho, soja, algodão, trigo, arroz, cana-de-açúcar, entre outras.
Mas por que o nematoide e os fungos habitantes de solo são considerados inimigos ocultos da produtividade?
Ambos são frequentemente confundidos com problemas causados por compactação, fertilidade, manejo inadequado, entre outros, não sendo relacionados a doenças. Dessa maneira, quando a tomada de decisão acerca do manejo dos nematoides e fungos habitantes de solo que atacam as sementes e o sistema radicular das culturas de interesse agrícola é realizado, já costuma ser tarde demais para evitar perdas de produtividade acentuadas.
Além disso, quando são devidamente identificados na lavoura, já encontram-se distribuídos nas áreas de produção, por isso, os nematoides e doenças causadas por fungos habitantes de solo (que sobrevivem nos restos culturais da cultura hospedeira ou na matéria orgânica), são considerados o inimigo oculto das lavouras, pois não são vistos, mas estão presentes na maioria das áreas de produção do Brasil, em populações capazes de causar redução significativa da produtividade.
Antes de tudo, é necessário compreender que o período mais crítico para os danos de ambos os inimigos ocultos da produtividade são o estabelecimento do estande e da lavoura. E que a ausência de controle nessa fase, em que é definido o primeiro componente de produtividade (plantas por unidade de área), pode, além de comprometer os resultados produtivos da safra vigente, aumentar a população desses inimigos, causando perdas cada vez maiores nas próximas safras.
Principais mitos e verdades sobre os nematoides
Frequentemente, produtores se perguntam ou afirmam:
- “Os nematoides ocorrem apenas em solos arenosos e pobres?”;
- “Meu solo é argiloso. Devo me preocupar?”
- “Solos de boa fertilidade, assintomáticos, mistos ou argilosos não são afetados por nematoides?”
- “Não vejo sintomas na minha lavoura, logo, posso me considerar livre dos nematoides e das doenças de solo”
- “Se utilizar tratamento de sementes para controle biológico de nematoides, não posso utilizar o controle químico devido a compatibilidade de ambos”
- “O controle de nematoides depende da espécie que está ocorrendo na lavoura ou pode ser o mesmo?”
- “Como eu posso identificar o problema se eu não consigo ver sintomas na lavoura?”
- “Todos os tratamentos de sementes disponíveis para controle de nematoides, também controlam fungos habitantes de solo?”
Vamos para as principais respostas de todos esses questionamentos:
Nematoides e doenças causadas por fungos de solo estão somente em solos arenosos?
Mito. A verdade é que em solos arenosos os problemas são mais visíveis, principalmente pelos sintomas que são normalmente perceptíveis, como reboleiras e plantas menos desenvolvidas, resultando em talhões de baixa produtividade. Além disso, essas áreas costumam possuir menor fertilidade e também têm menor capacidade de armazenamento de água, o que pode intensificar os sintomas, visto que os nematoides interferem na absorção desse recurso essencial.
Nematoides e doenças causadas por fungos de solo não ocorrem em solos argilosos?!
Mito. Muito pelo contrário, a diferença é que em solos mistos ou argilosos, com boa fertilidade, os sintomas podem ser pouco visíveis ou passar totalmente despercebidos, mas, ainda assim, causam reduções consideráveis no potencial produtivo das culturas.
Importante ressaltar ainda que as áreas de produção devem ser observadas de forma individual, por exemplo, em uma área ou talhão não são visualizados problemas, e dessa maneira, passa-se a considerar que nenhuma das demais seja acometida por nematoides e fungos de solo.
Aí que está o problema pois, mesmo em áreas vizinhas e, por consequência, muito próximas, os problemas podem estar ocorrendo, visto que a disseminação se dá de um ponto da lavoura para os demais, ano a ano.
É preciso levar em consideração que, em uma grande extensão de lavouras, por exemplo, podem haver diferentes condições, incluindo tipos de solo, declividade, capacidade de infiltração e armazenamento de água, fertilidade, e inúmeros outros fatores que influenciam diretamente nas suas características. Portanto, cada talhão deve ser analisado de forma individualizada.
Não vejo sintomas na minha lavoura, logo, posso me considerar livre dos nematoides e das doenças causadas por fungos de solo?
Mito. Essa afirmação não é bem assim. A ausência de sintomas, ou sintomas pouco perceptíveis é um fato recorrente em áreas de boa fertilidade, porém com presença de nematoides e doenças. No entanto, é imprescindível que se tenha atenção com qualquer anormalidade, por mais sutil que ela seja.
Isso porque, em termos de controle, a população de nematoides presentes, seja de 10, 1000 ou 10.000, já configura necessidade de controle, visto que os nematoides são disseminados pelas áreas de produção em função dos tratos culturais, como tráfego com máquinas e equipamentos, indispensáveis na implantação da lavoura.
Logo, com o passar dos anos e a ausência de controle, as perdas serão significativas. Dessa maneira, assim que identificados os invasores, medidas de manejo já devem ser rapidamente implementadas. Nesse sentido, dados de produtores em áreas de alto potencial produtivo registram perdas de até 50% da produtividade em áreas com o problema, e que não foram devidamente manejadas.
Tratamento de sementes: tratamento químico e biológico pode ser realizado em conjunto?
Essa é uma dúvida frequente e a resposta é: depende de qual produto está sendo utilizado.
As empresas detentoras dos produtos biológicos são responsáveis por apresentar compatibilidade do produto biológico com os principais produtos químicos do mercado, norteando assim a tomada de decisão de quando ambos podem ser utilizados em conjunto.
O que justifica, em muitos cenários o uso conjunto de ambos, é a alta população de nematoides e doenças de solo nas áreas de produção, exigindo um controle mais rápido. Enquanto o tratamento químico agirá rapidamente com efeito de choque imediato contra as doenças causadas por fungos e nematoides, tendo seu efeito durante o período de tempo do residual do produto, o controle biológico, por outro lado, agirá a longo prazo.
As bactérias associadas a muitos produtos de controle biológico, especificamente as do portfólio da Syngenta para controle de nematoides e doenças de solo, têm a característica de formarem uma espécie de barreira (biofilme) no sistema radicular, aderindo a ele enquanto se reproduz, não permitindo que esses patógenos entrem em contato direto com as raízes da planta, por isso, o controle pode ser considerado de longo prazo.
Mas atenção: o longo prazo aqui diz respeito ao ciclo da cultura. Dado o fato de que os nematoides podem se reproduzir em uma infinidade de hospedeiros, é necessário que o tratamento de sementes seja realizado a cada novo cultivo na área, evitando que a população desse inimigo oculto aumente consideravelmente.
O controle deve ser direcionado à espécie que está ocorrendo: identificação é indispensável para o sucesso do controle de nematoides
Verdade. A identificação da espécie é outro fator importante e indispensável para o sucesso do controle. É importante lembrar que o controle químico por meio de nematicidas, o controle biológico, por meio de bactérias e fungos; o controle genético por meio de cultivares resistentes ou tolerantes ou o controle cultural, que utiliza de espécies em rotação que não sejam hospedeiras, deve ser direcionado, uma vez que, para algumas espécies, ainda há de se considerar o fator raça da espécie que está ocorrendo.
A Syngenta, por meio da Operação Inimigo Oculto, auxilia os produtores a identificarem esse problema em suas lavouras, utilizando tecnologia e conhecimento de profissionais altamente qualificados para esse fim.
Operação Inimigo Oculto auxilia produtores na identificação de problemas com nematoides nas lavouras brasileiras
A Operação Inimigo Oculto, além de mapear a distribuição das espécies de nematoides nas diferentes regiões produtoras, auxilia na investigação de pequenas anomalias que passam despercebidas aos olhos dos produtores. Isso porque utiliza recursos digitais desenvolvidos especificamente para detecção de manchas causadas por nematoides, como imagens de satélite, que são analisadas e direcionam as amostragens de solo para locais críticos da lavoura, permitindo a investigação localizada do problema.
Portanto, essas imagens podem mostrar danos que já estão sendo gerados mesmo antes dos olhos conseguirem enxergar.
Fonte: Nematoides, Syngenta.
Todos os tratamentos de sementes são capazes de controlar nematoides e fungos de solo?
A resposta para essa pergunta é definitivamente não. Não são todos os produtos registrados para o tratamento de sementes que as protegem do ataque de nematoides e dos fungos habitantes de solo. Esse é um diferencial do portfólio Syngenta, que já possui opções eficientes para controle desses patógenos, sendo controle químico, controle biológico ou associação de químico com biológico.
As soluções Syngenta disponíveis atualmente incluem:
- Arvatico® (novo lançamento Syngenta);
- Avicta® Completo;
- Clariva® Sky;
- Fortenza® Elite.
No entanto, como dito anteriormente, todas as opções de controle disponíveis devem ser utilizadas como aliadas. Além disso, sabendo do potencial de dano e da capacidade de atacar diversas espécies diferentes, o manejo deve ser conduzido ao longo de todo ano, e a cada nova safra, independentemente de qual cultivo for.
Por isso, o controle se inicia no planejamento, com a definição de qual o melhor manejo disponível. O Tratamento de Sementes é um grande aliado, pois protegerá as raízes desde sua emissão até o final do ciclo da cultura.
É necessário, ainda, que os produtores considerem o tratamento de sementes não como um gasto para as suas lavouras, mas sim um investimento, uma vez que a prática reduz a população de nematoides e doenças que derrubam a produtividade das culturas, preservando o potencial produtivo.
A Syngenta está ao lado do produtor rural em todos os momentos, oferecendo as soluções necessárias para construirmos juntos um agro cada vez mais inovador, rentável e sustentável.
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